Thursday, July 21, 2005

Emissões

Emitias desejos pela pele, submersos pela luz, pelo erro e pela razão.
O vento misturava-se com o vento e com a verde canção das árvores.
E essa mão quase mundo, suspirava o tocar no demiurgo amor.
Esperava pela convulsão que libertasse esses antigos cheiros da nova epiderme e de poro a poro sentia: os sonhos não se perderão na poeira da saudade, transformar-se-ão dentro dos labirintos da memória.

Thursday, July 14, 2005

Transporte raro

Transportava no ombro uma vara de céu azul pelos brancos caminhos de caliça.
O corpo depositado à beira do raio de Sol escurecia até ao anoitecer, de estrelas no bolso roto, na fronteira do firmamento.
Buraco negro.
O Sol cortado às fatias e comido à luz do luar numa festa de pirilampos.
Nuvens rosa rasam as respostas.
O transporte do vento vinha dos olhos
Vindima de sentidos
Devorado o Sol levantou a vara de céu e na noite uma linha azul assombrou-me.

Friday, July 08, 2005

Génesis

O demiurgo vomita lentos rios de infinita obscuridade sobre a sombria noite.
Revestidos os tecidos do universo por esta escuridão um imenso olho fechado espreita o interior da gruta gerada pelos segredos.
Húmido vazio.
Sopro diluído na ascensão da criação.
Por difamar a sua insuperável beleza ficou cego.
Lambido o olho por duas serpentes uma convulsão de visões restaurou-lhe o sentido desse antigo culto do belo.
As imagens romperam o fluxo do tempo e iluminaram-se de estrelas.

Sunday, July 03, 2005

Crer

Quero ser o que quero e quero ser o que sou e neste querer não quero nem sou.
És a Língua, a libido e o líquido inominável.