Sunday, January 22, 2006

Os vencedores

O lagarto espacial acabou de o atingir com um novo tiro orgástico.
O brainwash army aproximava-se a grande velocidade da raiz do cérebro.
A sala enchia-se de lírios saídos do antigo projector de cinema.
Dentro daquele frasco tudo eram sorrisos e alegria prontos a beber.
Uma nuvem carmim espreguiça-se no céu até desaparecer. Quem lhe chamou dia?
Caminhei em direcção ao campo. Pelo caminho ia reflectindo no que via.
Quando voltei para trás as reflexões estavam perdidas, o que aconteceu depois do percurso retornar ao ponto de origem é um total mistério.
Não te preocupes, todos sairemos vencedores: a melhor lavagem cerebral vence.

Wednesday, January 18, 2006

Alerta onírico

Então as raízes começaram a crescer mais depressa.
Os dedos cresciam em redor da arma orgástica.
Não havia fumo na sala, apenas o fumo projectado na parede branca.
Os disparos eram cada vez mais frequentes.
E agora no caminho deixo um rasto hipnótico que me desenha as pessoas e me as faz compreender.
As cascas de amendoim falavam no balcão do café.
Sapatos de morcego bordados a anémona.
Os abutres do orgasmo voavam em redor daqueles estranhos sonhos.
Jogos de olhos de formiga avançam a grande velocidade nas ruas.
A bomba vai rebentar, não olhes agora para a mão.

Wednesday, January 11, 2006

Fragmentos e outras improbabilidades poéticas ou a floresta impossível

As palavras que semeei a pensar em futuros poemas cresceram em demasia.
Vi-me embrenhado na selva das antigas palavras agora renovadas.
Lutar contra esta floresta mostrou-se inútil, a minha única opção era tornar-me parte dela.
Tumulto do deserto num ápice tornado campo vegetal.
Do grão de areia à célula viva e verde.
Pregava o olhar nos troncos e via a seiva correr pelas visões.
Raio verde.
O fruto da Palavra era o restolhar do poeta no meio do mato em caçadas ao antigo silêncio.
O novo dizer das coisas sorvia as antigas árvores cujas raízes flutuavam noutra mente.

Monday, January 02, 2006

A braços

Os inesperados sujeitos do gato inverso, dispersos pelo campo em caçadas de comida, de amor e descanso, subjugam por instantes o imaginário dum poeta qualquer.
Longe vão as solenes sangrias feitas aos testículos do grande sapo pré-diluviano.
Saudava o sal com o meu sal e os lençóis ficavam molhados nos dilúvios de prazer dos nossos corpos.
Corpos em suspensão no linho.
Leio e retiro significados da paisagem que entornamos na cama.
Livrou-se então do peso de pensamentos obscuros e secretos e sábios que libertou nas descobertas da mão.
Despido de raciocínios os seus passos eram mais leves.
"Cansei-me de escrever."- pensou enquanto escrevia escrevia sem parar.
De repente tinha dois, três, quatro, muitos corações no peito que pulsavam descompassadamente e desejavam ser despejados noutras páginas.
A braços e a pernas e a todo o corpo e mais algum.