Sunday, March 26, 2006

Espelhos jardins

Secalhar o vento
já não me pode levar
Farei vento e palavras
Espelhos e jardins

Saturday, March 18, 2006

Crescimento do som do céu

Aquela música perseguia galáxias entre as gotas do aguaceiro.
Encostava o ouvido ao céu cinzento.
Palpava as linhas traçadas pela chuva.
Sentia nas veias o começo do crescimento das glicínias, principio de uma nova floração.
A pele perdera o cheiro do tempo.
E sempre alcançava tão pouco do universo, mesmo quando os olhos se uniam ao céu e quase chegavam à música.

Monday, March 13, 2006

A espera

Esses dedos tão perto e tão longe do entender da pele aproximam-se e afastam-se a um mesmo tempo como ondas chegadas ao litoral duma qualquer ilha.
Sentava-se na margem do firmamento e esperava com as estrelas a chegada dos rouxinóis.
Os dedos participam no vento e o espelho redondo da noite bebe água no rio adormecido.
No voo e canto da pequena ave está talvez o mapa das cidades em que o coração se perdeu.

Friday, March 10, 2006

Os meus pais

já os meus pais dormem
e o vento se levanta
o sussurro das canas
leva as vozes do sono

Sunday, March 05, 2006

Um dia de Março

Solvente de sóis e luas e estrelas
Inclinado mesmo a si
Vento que fala
Chuva que não cai