Monday, February 21, 2005

Via agora a paisagem a povoar-se dos seres que havia imaginado e o meu inaginário a estender-se como paisagem.
O jardineiro cientista estudava o prazer provocado pelo cantar das aves, pela visão duma garça branca levantar voo entre as árvores e tantas outras coisas a que assistia diariamente no jardim laboratório, com a promessa de nunca revelar as suas descobertas.
Ao fim da tarde o Sol tecia teias de luz entre as oliveiras e depois enterrava o seu grande abdómem de aracnídeo na terra.
Ulisses tornado gigante caminhava ao fim da tarde pelo olival e tirava do seu saco estrelas com que semeava o céu.
Aborrecia-me pela tarde a moldar as nuvens e ainda me aborrecia mais quando não as tinha para moldar.
O cientista estava à beira duma improvável descoberta quando o rasto de fumo de um avião a jacto o fez cair no olvido.
Ulisses tropeçou num minúsculo torrão de terra, derramou as estrelas no céu que escapou assim à sua vontade: o céu tornou-se selvagem.
A paisagem escapava-se-me pelos dedos mais uma vez com a promessa de não mais se repetir, os seres imaginários fugiam de mim com ânsias de liberdade- nunca lhes a neguei.

4 Comments:

Blogger SL said...

Um texto estranho...mas muito bem construido. Direi apenas que me perdi um pouco a imaginar as origens das palavras...
Tu és um mistério intenso.
Jinho

10:06 AM  
Blogger Luís Filipe C.T.Coutinho said...

Uma liberdade repartida por momentos como sementes espelhadas em terra árida...


forte abraço

12:21 PM  
Blogger SL said...

Não sei porque te digo isto, mas visto que tens sido um querido...daqui a nada vou publicar, um texto no minimo estranho, está a sair-me...passa quando puderes e lê.
Jinhos

1:53 PM  
Blogger BlankPage said...

A liberdade conforme com os nossos seres imaginários..é o que resta sim!

5:14 PM  

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