Tuesday, November 16, 2004

Carrossel






A árvore que vês ali é uma anémona com ventosas azuis e um cachecol de neve. Sobem-lhe estrelas do mar pelo tronco, minúsculas como os tentáculos do polvo que te sobe pela perna acima.
Fumo flocos de neve que se suspendem no ar, bebo de tempos a tempos um copo de agulhas geladas. Cruzo a perna e faço o tempo parar, cruzo-a para o outro lado e toda a gente caminha lentamente.
As estrelas sobem devagar, o polvo olha-me nos olhos com uma expressão que não compreendo. Tenho a boca cheia de tentáculos que se colam à minha língua e tu juras beijar-me. Rebuçados crescem no prato.
O polvo abandona-me e vai pela rua abaixo com um dos membros a acenar.
Os sentidos sentimentos não deviam estar neste carrossel, pensei um dia. O carrossel levanta voo e desaparece no horizonte.
Levantas-te e desces a rua na direcção do molusco.

1 Comments:

Blogger Luís Filipe C.T.Coutinho said...

Ele perde-se nos cantos continuas a segui-lo?

Meu caro amigo,um grande abraço


luis

10:50 AM  

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