Friday, October 13, 2006

Ampliação da lentidão

Adormece no campo a ilusão da vida que nos salta em cima. Ampliados mil vezes os processos pela lentidão.
Gestos de ventos distantes, últimos reflexos das andorinhas. Mutantes amplexos de todos os espelhos e fotografias que o viram.
Estrelado abismo. Véu interno onde despejaram baldes de esquecimento como se se livrassem da memória na paisagem cansada. Ponto de referência perdido.
Movimento lento do verde que se afasta no elemento. Alimento tenro da palavra e da terra e do astro.
Na terra cai mais uma folha, fruto da sagrada podridão. Caminho repetido até ser novo caminho. Contrição na contradição.
Dissipar do manto do desejo do dia. Lia as folhas no manto do chão.

11 Comments:

Blogger Eli said...

Os sinais indicam-nos o caminho.
Os actores teimam em empurrar-nos.
Mas, a teimosia faz chegar mais um Outono e perder-nos em palavras ao Sol, em perfumes de fogo, em incensos profundos...

Existem ampliadores de sensações... Aumentam as mais difíceis, que jorram manifestações às gotas, como se de um céu com nuvens se tratasse.

(...)

:)

1:15 PM  
Anonymous Anonymous said...

Um Outuno em cada um de nós, assim é cada novo caminho que percorremos numa sensação de deja vu.

Abraço.

6:07 PM  
Blogger Lúzbel Guerrero said...

Hoje é um dia de grande alegria para mim, bem-vindo caro André; no Outono da realidade as andorinhas da sua poesia em prosa.

1:42 PM  
Blogger Lúzbel Guerrero said...

Não tem jeito! até os comentários são bons.

6:12 AM  
Blogger Lágrima del Guadiana said...

A veces perder el punto de referencia es la única manera de encontrar el camino que conduce a las sonrisas.

Besos

9:02 AM  
Blogger Manuel Veiga said...

belo o manto das tuas palavras.rigoroso e colorido...

abraços

5:18 AM  
Anonymous Anonymous said...

Gostei muito do teu manto de outono, "contrição na contradição" está genial é uma espécie de chave de ouro, muito bom André.tinha saudades da tua casinha, gosto do azul.
beijo

12:51 PM  
Blogger gato_escaldado said...

gostei do texto. Abraços

5:43 AM  
Blogger Light said...

Adorei a ampliação de sentimentos de me elevaram na tua escrita.
Ampliaçoes de sensações nutridas na ponta dos dedos...

9:29 AM  
Blogger Unknown said...

Inomináveis Saudações, André Ferreira.

E no manto do chão
Nossas reais missões
São como pegadas rubras
De sangue muito estranho
A escorrer d'alma nossa
Transcendentalmente querendo
O manto dos céus

Humanos queremos
O manto dos céus

Humanos almejamos
O manto dos céus

Erguemos os olhos
Para os céus
E vemos
No Instante Afinal
Da Verdade Nossa Final
Que o manto do chão
É o nosso
Lar afinal

Saudações Inomináveis, André Ferreira.

7:55 PM  
Blogger musalia said...

'lia as folhas no manto do chão'...belissima imagem :)

bj.

3:21 AM  

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