Sunday, June 11, 2006

Descida e ascensão

O grande ceptro de luz vermelho sangue do ocaso espetado entre as árvores abre a boca de sapos gigantes- croac, croac.
Sandálias de folhas secas varridas com os pés no pequeno regato das linhas brancas.
Um saco de plástico levantado por um remoinho de vento. Levantem as cabeças e observem- shhh, shh.
Mil versões da ascensão do grande Caralho ao Céu e vãs esperanças de vermos seja lá o que for ser parido daquelas nuvens tão grávidas.
A pele arde frita no asfalto e nenhum carro pára. Mudamos a nossa placa tentando enganar o destino. Agora não queremos ir a nenhuma cidade que exista, condutores imaginários levar-nos-ão ao desconhecido.
Esprememos a estrada procurando uma última meia hora de sorrisos: temos as melhores histórias para contar para percursos entre dez e mil quilómetros e não o queremos fazer entre lágrimas- ploc, ploc.

9 Comments:

Blogger Eli said...

Fizeste-me lembrar imagens de um filme!

:)

10:24 AM  
Blogger L.T. said...

pois que me fundiu a cuca esse teu texto surrealista, dadaísta ou sei lá como que chama.
é certo que tme imagens bastante interessantes, mas é certo, também, que eu sou distraída demais, ainda mais quando no início de uma manhà sem café, para acompanhar todas.

mas a propósito do meu blog, como que tu pode chamar aquilo de animado? cruzes!

5:31 AM  
Blogger agua_quente said...

André, já tinha saudades destes teus quebra cabeças de palavras. Acho que as nuvens não vão parir nada tão cedo, e é melhor mesmo que tenhamos boas histórias para contar no nosso percurso rumo ao desconhecido. :)
Beijos

10:41 AM  
Blogger Lagoa_Azul said...

Magnifico!!!

Um texto em que até a descida é com sentido ascendente...

Parabéns,

Deixo-te um beijo com carinho

12:52 PM  
Blogger LUIS MILHANO (Lumife) said...

Grato pela visita e suas palavras.

Vou conhecer seus blogs e voltarei.

Boa semana

Abraço

5:18 AM  
Blogger Ana João said...

E se não estou atenta, perco-me no quilometro 10 da estrada que vai de nenhures para algures, ou vice-versa... ao ritmo dos croac, croac, shh shh e ploc ploc... e do ah ah no final.
Alguém falou em quebra-cabeças? não falou mal, mas aí é que está o interesse deste blog...

7:18 AM  
Anonymous Anonymous said...

Que bello incertar sonidos de animales entre las palabras...

4:57 PM  
Blogger Lágrima del Guadiana said...

Tus líneas están llenas de bellísimas imágenes, André.
Me gusta mucho cómo se mezclan lo sensorial y lo conceptual.
“Esprememos a estrada procurando uma última meia hora de sorrisos”

Precioso...

1:04 AM  
Anonymous Anonymous said...

Enjoyed a lot! » » »

8:32 AM  

Post a Comment

<< Home