Wednesday, June 15, 2005

Horizonte radiante

Esse quente sol que me lambe o pescoço e as faces e me toca intimamente, abre com mãos de oiro feridas doiradas no chão.
Atingem-me bátegas de luz e calor, flores azuis caídas no chão que adocicam a terra seca e tornam esplendorosas as galerias das formigas.
O céu nocturno torna-se mais nítido soprado pela fresca brisa da noite.
Leiras de dispersas e diminutas ervas secas, recordando o que de mineral há no vegetal.
Com a estiagem as palavras não conseguem manter a sua forma, liquefazendo-se junto com o suor em pequenos lagos. Essas poças, secas pelo bafo quente da estação, evaporam-se e surgem no céu como Aparições do desejo.
Paisagem de cera derretida num incêndio de sentidos, túrbido horizonte feito de miragens.

16 Comments:

Blogger Andre_Ferreira said...

Com este poema inicío um novo ciclo. Vou desaparecer por uns tempos, até breve.

11:29 AM  
Blogger BlankPage said...

kom este poema deixax as vontades espicaçadas...espero que te aconteça o que ocorre no mar de ciclo em ciclo...vai...mas volta...(actualmente tb vivo uma fase de semi-desaparecimento...)

12:31 PM  
Blogger lique said...

A tua mistura do sentido das palavras com o que à tua volta acontece (neste caso, a estiagem) é algo característico da tua escrita.
Espero que não te afastes por muito tempo. Fazes falta por aqui. beijos

3:12 PM  
Blogger Madalena said...

André, que não seja por muito tempo, ok? Até pq, promete.

Que bem me soube ler sobre o calor no meio de tanto blog que só fala de morte.

Muito mórbidos somos!

Bjs.

:)

3:22 AM  
Blogger Catarina Santiago Costa said...

O estio é a altura certa para os humanos se recolherem, pelo menos espiritualmente.
Obrigada pela cera derretida na paisagem árida.
Beijos. Até logo!

4:19 AM  
Blogger Luís Filipe C.T.Coutinho said...

Amigo andré fico à espera do regress então. Não te deixes levar pelas "Miragens"...

abraço

2:31 AM  
Blogger Ana João said...

senti o calor!
senti a pausa! :)

até breve!

10:04 AM  
Anonymous Anonymous said...

Tu escreves com cores, cheiros e temperaturas, um universo próprio que inebria.
Cá te esperamos.Beijinhos
p.s.:Obrigada pela tua critica à "lamechice" tinhas razão e fez-me bem.

12:59 PM  
Blogger Menina Marota said...

"...O céu nocturno torna-se mais nítido soprado pela fresca brisa da noite."

Que a brisa te traga de volta... renovado!

Um abraço ;-)

7:42 AM  
Blogger Angel said...

Há certas paisagens que nos ficam marcadas...
E eu que acabei de ver uma lindaaaa
:*

2:40 PM  
Blogger Rute said...

Pois... E onde te leva? Ou não te leva, sequer?

1:41 PM  
Anonymous Anonymous said...

Gostámos de passar por aqui. Venha conhecer-nos em "A Paixão do Cinema".

1:16 AM  
Blogger Fata Morgana said...

O próprio horizonte é uma miragem que nos foge assim que caminhamos na sua direcção. Não acho que perseguir miragens seja uma tolice enorme, como por vezes parece, pois terminado o círculo estamos exactamente no ponto de partida... mas com os pés em sangue. E cada gota é uma lição. E o sol lambe-nos os pés solicitamente, seca-nos as feridas e convida-nos a caminhar sobre as frescas pétalas azuis que já conseguimos entender e sentir, como as formigas.
Um beijo!

11:01 AM  
Blogger SL said...

Onde andas?! Dá noticias...
Jinhos

5:11 AM  
Anonymous Anonymous said...

Hola André espero que estes bien, te mando un besote!!!

6:03 AM  
Anonymous Anonymous said...

gosto de vestir sol
quando frio

degelo

meu mar sobe 1cm a cada ano
me esvazio para
oceano


(abs do arruda)

10:44 AM  

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