O Poema perdido
No poema perdido haviam gordas nuvens paradas no céu, semelhantes a pedras de granito deitadas à sombra de árvores.
Olhando o céu não poderia encontrar então o poema: o céu está azul e sem nuvens.
Ouvi pela primeira vez um suspiro suspenso dos teus cabelos esvoaçantes.
Caminhando pelo jardim tento descobrir onde se alimentaria o escaravelho verde metálico: o devorador de cores, a preciosidade animal. Mas as pétalas devoradas pelo animal no poema já não são as mesmas que agora encontro.
Transbordavam pétalas pelos campos, presas nas árvores, espalhadas pelo chão como nós.
Lembro-me também de ouvir vozes e risos nesse poema e agora só fantasmas por aqui caminham.
Nus bebemos taças do orvalho que nos cobria a pele enquanto recordávamos o antigo poema dos nossos corpos.
Olhando o céu não poderia encontrar então o poema: o céu está azul e sem nuvens.
Ouvi pela primeira vez um suspiro suspenso dos teus cabelos esvoaçantes.
Caminhando pelo jardim tento descobrir onde se alimentaria o escaravelho verde metálico: o devorador de cores, a preciosidade animal. Mas as pétalas devoradas pelo animal no poema já não são as mesmas que agora encontro.
Transbordavam pétalas pelos campos, presas nas árvores, espalhadas pelo chão como nós.
Lembro-me também de ouvir vozes e risos nesse poema e agora só fantasmas por aqui caminham.
Nus bebemos taças do orvalho que nos cobria a pele enquanto recordávamos o antigo poema dos nossos corpos.
10 Comments:
seja bem vindo sr. André! :)
ha poemas que se perdem... mas quero acreditar que apenas deixaram de existir, de acontecer, mas que ficam eternamente, pelo menos tão eternamente quanto quem os viveu (e isso é possivel?) ...
bonito...
ah! ha sempre a memoria qual eco que faz ouvir as palavras desse poema...
Lindíssimo, André. Que saudades que tinha de te ler. Enquanto te recordares desse poema, por mais vago que ele esteja no corpo, continuará sempre marcado no coração - e esse lugar é o mais importante, é onde chega apenas quem convidamos. Um beijo enorme.
Ena, ena quem decidiu aparecer :)) Fico muito contente por teres resgatado esse poema que andava perdido...palavras dessas reais ou talvez não, mas que ecoam na nossa memória, são sempre duma beleza e talvez por isso insistam em ficar presas no sentimento que nos acompanha. Beijinhos :))
Bem vindo de volta:).Há poemas que nos entram na pele e passam a fazer parte dela, circulam-nos na corrente sanguínea.Parece-me que o teu é um deles.
Bonito André.Bjs
Estava a sentir saudades dos teus poemas cheios de imagens...poemas gravados no korpo...poemas gravados na alma...por todo o lado..
o que tinha nesse orvalho que bebeste?
o poema pode não estar perdido, as nossas novas encruzilhadas é que nos fazem olhar para de forma diferente..
beijito
Gosto da antinomia inclusa. Bem sabes que a nostalgia pode anular a perda. É por isso que o escaravelho bebe as cores.
Beijo
Os ecos de um passado que é presente!
Beijinho
Tendo achado este poema, não penso no outro. Obrigado caro André.
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