Tuesday, October 25, 2005

A revolução dos planetas em redor da cintura da musa

As sombras escorregam pelo chão e escutam o som da água entre o nevoeiro.
As coisas aí são esquecidas até a palavra passado perder o sentido.
A minha cabeça encostada à almofada do amanhã sonha o verde lascivo das canas.
Lago lento que a musa leva à cintura, neblina que as minhas mãos nos sonhos tocam.
Nódoa de vento na terra molhada.
Lábio discreto no dizer dos segredos da libido.
Salto do barro para a carne.
Vigência do fumo em órbita.
A revolução dos planetas em redor da cintura da musa causa tempestades dentro do meu peito.

Tuesday, October 18, 2005

Recomeço

Perdi o braço de ferro com as metáforas e escorreguei nas palavras escritas. Localizei no teu interior nem sei quantas novas palavras que fogem a qualquer classificação e quanto mais escavo na corrente das tuas emoções mais delas sou escravo.
E desbravo a cerrada floresta poética na procura da palavra que encaixe no brilho dos teus olhos. A sem par vitima da imaginação reproduz a loucura e todo o mundo nela crê e enlouquece. Leva
a última palavra descoberta à minha amada e diz-lhe que vens da minha parte. Perdi o braço de ferro com as metáforas e agora eu mesmo sou uma delas.
Depois de receber a semente da flor dos sonhos todo o processo é um recomeço.

Thursday, October 13, 2005

V

Volantim volátil viajando com passos de chuva e deixando beijos de água nas folhas e entre elas.
Voaria num Sol quente entre as tuas pernas e o vibrátil violeta dos teus campos palpitaria erupções solares no nosso sistema.
Vento e caminho do funâmbulo voga de teia de aranha em teia de aranha e desequilibra-me a pele.
Vicejam os ramos agitados e escrevem na terra a sua linguagem vegetal.
Vê esta palavra muda, nunca dita, nunca escutada, mas fértil em sentidos.